Título: A Rainha do Fogo
Original: Queen of Fire
Série: A Sombra do Corvo/Raven's Shadow #3
Autor: Anthony Ryan
Tradutor: Gabriel Oliva Brum
Tradutor: Gabriel Oliva Brum
Páginas: 752
Editora: LeYa (abril de 2017)
Sinopse: Depois de escapar da morte por um fio, a Rainha Lyrna está determinada a expulsar os invasores volarianos e retomar o controle do Reino Unificado. Mas, para isso, ela precisará fazer mais do que reunir seguidores leais: deverá se juntar às forças que, no passado, achou repugnantes – pessoas com os estranhos e variados dons das Trevas – e levar a guerra para o território inimigo. A vitória está nas mãos de Vaelin Al Sorna, agora nomeado Senhor da Batalha. Seu caminho, no entanto, não será nada fácil, pois o Império Volariano possui uma nova arma: o misterioso Aliado, capaz de estender a vida de seus servos. Como Vaelin poderá matar o que não pode ser morto, agora que sua canção do sangue, o poder que o tornou um feroz guerreiro, ficou subitamente emudecida? Na emocionante conclusão da saga best-seller do The New York Times “A Sombra do Corvo”, Vaelin Al Sorna precisa ajudar a Rainha a retomar o Reino Unificado e defendê-la de uma nova ameaça, algo com poderes tão sombrios quanto os piores pesadelos do herói.
Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores.
Em tempos em que dezenas de lançamentos de novas séries chegam ao Brasil, terminar qualquer uma que seja já é um fato a ser comemorado. A gente quer ler TUDO, mas ao mesmo tempo não consegue ler NADA. Felizmente, tinha como meta finalizar trilogia A Sombra do Corvo e consegui cumpri-la ainda no 1º semestre de 2017. Portanto, sem mais delongas, vamos à parte que interessa.
A Rainha do Fogo começa logo após os acontecimentos de O Senhor da Torre, quando os habitantes do Reino Unificado conseguem derrotar as forças invasores do Império Volariano em Alltor. No entanto, ainda restam forças leais a eles dentro do próprio Reino, traidores de sua nação dispostos a enriquecer e receber o dom da imortalidade se cumprirem os desejos dos servos do misterioso Aliado. É justamente essa a próxima tarefa da Rainha Lyrna para que o seu reinado seja duradouro e próspero: arrancar as maçãs podres do seu pomar, e para isso terá que se dirigir até Varinshold.
A Rainha do Fogo começa logo após os acontecimentos de O Senhor da Torre, quando os habitantes do Reino Unificado conseguem derrotar as forças invasores do Império Volariano em Alltor. No entanto, ainda restam forças leais a eles dentro do próprio Reino, traidores de sua nação dispostos a enriquecer e receber o dom da imortalidade se cumprirem os desejos dos servos do misterioso Aliado. É justamente essa a próxima tarefa da Rainha Lyrna para que o seu reinado seja duradouro e próspero: arrancar as maçãs podres do seu pomar, e para isso terá que se dirigir até Varinshold.
"O Aliado está lá, mas sempre como uma sombra, uma catástrofe inexplicada ou um assassinato cometido por ordem de um espírito sombrio e vingativo. Separar verdade de mito costuma ser uma tarefa infrutífera."
O começo desse livro trata muito daquele típico cenário "pós-guerra", com bastante politicagem rolando, reconstrução do que é necessário, estabelecimento de novos acordos e alianças, etc.
Enquanto essa parte se desenrola, acompanhamos Frentis após a queima impiedosa da Floresta Martishe, um ato cruel por parte dos invasores. Agora aliado do Reino, o Escudo lidera tropas meldeneanas numa perseguição aos volarianos, mostrando que pode ser útil à Lyrna, buscando algumas vantagens para si, é claro. Já Verniers, o cronista dessa história que acompanhamos, é enviado ao Império Alpirano para uma missão diplomática. E quanto a Vaelin, nosso protagonista?
Bem, Vaelin Al Sorna parece ter perdido o seu dom da canção. Após se esforçar ao limite no combate em Alttor, Vaelin desmaia e, ao despertar, percebe que a canção não está mais presente. O que será dele sem o instinto que lhe guiou por muitos anos de sua vida? Bora ler para descobrir.
Decidida a retaliar o Império Volariano pelos danos causados, Lyrna decide que é hora de atacá-los, antes que se reagrupem e marchem para o Reino Unificado novamente. E é a partir desse momento que parece que a escrita do Anthony Ryan começa a enfraquecer. Alguns capítulos não avançam tanto, mesmo que sejam necessários para o estabelecimento do "pós-cerco em Alltor" e "preparação para mais guerras", mas a decisão que ele tomou para o rumo do Vaelin, para mim, não foi a mais adequada. Os melhores capítulos de toda a série eram quase sempre dele, principalmente no 1º livro, mas vários do 2º também. Aqui ele meio que se afasta da proposta inicial desse personagem e sacrifica aquela beleza e epicidade que era a sua narrativa de guerreiro.
"Vaelin podia ver, através da neblina matutina, os piquetes se movendo num passo descontraído e sem nenhum sinal de alarme. Ele aguardou à medida que o sol esquentava sua nuca e sua sombra estendia-se no solo adiante, uma longa seta escura apontada para o exército volariano."
Importante ressaltar nessa resenha algumas mudanças de atitudes dos personagens, mostrando uma evolução no seu pensamento. Lyrna, agora como comandante de uma nação, perdoa seu próprios erros do passado e passa a ver os dotados como as pessoas que realmente são, e não como aberrações. Frentis precisa lidar com as consequências por ter assassinado o antigo rei Malcius.
Alornis, irmã de Vaelin, é uma que merece atenção. Não sei se para o bem ou para o mal. De mera aprendiz de pintura/escultura, vira uma "artista de guerra", elaborando planos e armas poderosas. Ficou um pouco forçado, mas enfim, deu para relevar um pouco. Reva evoluiu consideravelmente como guerreira, tendo também que confrontar seus pesadelos do passado ao longo das páginas.
No entanto, relacionando mais à história em si, para mim o Anthony Ryan tentou crescer/desenvolver TANTO o seu mundo, a magia, a quantidade de personagens, etc., que algo não saiu perfeito. A intenção foi excelente, mas não brilhantemente executada. Aprendemos mais sobre a canção e os outros poderes, conhecemos lugares novos, etc., mas nem tudo se encaixou.
No entanto, relacionando mais à história em si, para mim o Anthony Ryan tentou crescer/desenvolver TANTO o seu mundo, a magia, a quantidade de personagens, etc., que algo não saiu perfeito. A intenção foi excelente, mas não brilhantemente executada. Aprendemos mais sobre a canção e os outros poderes, conhecemos lugares novos, etc., mas nem tudo se encaixou.
O avanço do Reino para o combate final contra o Império Volariano toma boa parte do livro, talvez pudesse ter durado um pouco menos, "transferindo" algumas páginas para as partes finais. Poderia ter dado uma cadência maior à leitura. No entanto, vários momentos épicos são reservados, com revelações impactantes ao leitor. Muitos embates recheados de reviravoltas para ambos os lados!
"Se vamos dividir o poder, sou forçada a concluir que você precisa de uma lição sobre o preço dele. Poder jamais foi conquistado sem sangue, ambições jamais foram realizadas sem sacrifícios."
As explicações por trás do Aliado (quem ele é/era, quais suas motivações, como chegou até a posição atual, etc.) foram respondidas e achei satisfatórias, devem agradar à maioria dos leitores.
Alguns detalhes dos livros anteriores são necessários para entender o que acontece, então sugiro fazer uma leitura por cima do que se passou e preparar-se para adivinhar o que A Sombra do Corvo revela. O livro termina com poucas pontas soltas, mas que podem servir de gancho para uma continuação, caso ela venha a existir. Eu não reclamaria, pois a ambientação da série me cativou.
Além disso, o autor conseguiu balancear de uma maneira positiva os pontos de vista de personagens femininos e masculinos, dando o destaque necessário para ambos durante o andamento da série.
Mesmo com os vários defeitos do volume final, eu recomendo bastante a trilogia do Anthony Ryan. O saldo foi bem positivo e às vezes me pego pensando nos acontecimentos, lembrando dos personagens e dos bons momentos que passei ao ler A Sombra do Corvo. Espero que vocês gostem!