Título: O Inimigo de Deus
Original: Enemy of God
Autor: Bernard Cornwell
Série: As Crônicas de Artur/The Arthur Books #2
Páginas: 518
Editora: Record (janeiro de 2002)
Sinopse: Este é o segundo volume que retrata, a partir de novos fatos e descobertas arqueológicas, o maior de todos os heróis como um poderoso guerreiro que luta para manter unida a Britânia, no século V, após a saída dos romanos. A Britânia está pronta expulsar de uma vez os invasores saxões. Mas se por um lado o país está unificado politicamente, por outro a luta entre as religiões ancestrais e o cristianismo divide o povo. Diante da propagação da nova fé, Merlin empreende uma busca pelo caldeirão sagrado - objeto mágico poderoso, capaz de trazer de volta os antigos deuses e aniquilar os saxões e os cristãos. Ao longo desta jornada, ele é acompanhado pelo guerreiro Derfel em sua peregrinação por lugares distantes e perigosos, onde vivem aventuras inesquecíveis.
Uma obra-prima da literatura estrangeira! Um dos melhores livros já lidos na minha vida! Uma obra sem comparação! Esse é o único jeito possível de começar a resenhar esse livro magnífico de Bernard Cornwell. Com uma narrativa absurdamente leal aos fatos descobertos pelo autor, somos transportados novamente para a Britânia de antigamente, onde seus habitantes tentam defender suas terras dos invasores saxões.
Dessa vez, além dos problemáticos saxões, nosso protagonista também terá que lidar, junto a Artur, com o rápido crescimento do cristianismo na Britânia. Esses cristãos, além de serem fervorosos, procuram acabar com a "magia" dos antigos deuses que sempre estiveram presentes nas orações dos habitantes dessa terra. Para que isso não aconteça, Merlin empreende uma busca por um caldeirão mágico que tem tudo para dar errado, pois o território a ser desbravado é controlado por inimigos sedentos por sangue.
"- Você é um idiota, Derfel. Mas é um idiota bom em usar uma espada, e é por isso que preciso de você se formos andar pela Estrada Escura. – Ele se levantou. – Agora a escolha é sua." Merlin
"Fiquei imóvel quando acordei. Não houvera sonho, mas eu sabia o que queria. Queria pegar o osso e parti-lo em dois, e se esse gesto significasse andar na Estrada Escura até o reino de Diwrnach, que assim fosse. Mas também queria que a Britânia de Artur fosse íntegra, boa e verdadeira. E queria que meus homens tivessem ouro, terras, escravos e posto. Queria expulsar os saxões de Lloegyr. Queria ouvir os gritos de uma parede de escudos rompida e o toque das trombetas de guerra enquanto um exército vitorioso perseguia até a ruína um inimigo espalhado. Queria marchar com meus escudos estrelados na terra lisa do leste que nenhum britânico livre vira em uma geração. E queria Ceinwyn."
A narrativa, assim como no livro anterior, continua sendo em primeira pessoa, o que é importantíssimo para fazer com que o leitor se sinta na pele do personagem em questão. Derfel, agora já velho e cristão, está contando e transcrevendo a história de Artur para a sua atual rainha Igraine, e não há ninguém melhor do que ele para fazer isso, pois lutou ao lado do herói por quase toda a vida.
E também acredito que não só eu, mas todas as pessoas que já leram As Crônicas de Artur, começaram a nutrir um ódio imenso pelo personagem Lancelot. Apesar de ser exaltado como um exímio e leal guerreiro nas canções dos bardos (e em praticamente todos os livros que falam da lenda de Artur) e todos saberem que o mesmo nunca esteve nem mesmo em uma parede de escudos, ele ainda assim não possui miolo algum em sua cabeça e faz de tudo para prejudicar os outros, inclusive Derfel. Prestem bastante atenção nesse personagem, pois ele será imprescindível para o andamento da história.
"Nós comemoramos. E como comemoramos. Porque agora parecia que tínhamos algo por que lutar. Não por Mordred, aquele sapo desgraçado, mas por Artur, porque apesar de toda a sua bela conversa sobre o Conselho governar Dumnonia no lugar de Mordred, todos sabíamos o que as palavras significavam. Significavam que Artur seria o rei de Dumnonia em todos os sentidos, menos no nome, e por este bom objetivo levaríamos nossas lanças à guerra. Comemoramos porque agora tínhamos uma causa pela qual lutar e morrer. Tínhamos Artur."
Quem ainda não deu uma chance para As Crônicas de Artur ou qualquer outro livro desse autor precisa desesperadamente rever os seus conceitos e as suas prioridades de leitura. Vale a pena investir cada centavo do seu bolso e cada minuto do seu tempo em séries dessa magnitude!
Pontos fortes: é melhor que o primeiro livro da trilogia e possui mais partes de ação.
Pontos fracos: eu não achei nenhum.
As Crônicas de Artur:
2º livro - O Inimigo de Deus