Título: O Aprendiz de Assassino
Original: Assassin's Apprentice
Série: Saga do Assassino/Farseer Trilogy #01
Autora: Robin Hobb
Páginas: 416
Editora: LeYa (julho de 2013)
Sinopse: Fruto de uma infidelidade, Fitz, filho de Cavalaria, é um bastardo real, desprezado pelo mundo, sem amigos e solitário. O rapaz refugia-se nos estábulos da realeza e apenas sua conexão mágica com os animais – a antiga arte conhecida como Manha – proporciona-lhe um pouco de alegria e companheirismo. Mas a Manha, se usada com frequência, é uma mágica perigosa e mal vista pela nobreza. Então, quando Fitz é finalmente adotado pela casa real, ele deve abrir mão de seus antigos costumes e aprender a viver esta nova vida: artilharia, escrita, bons modos, a magia do Talento… e, secretamente, aprender a matar um homem, já que é treinado para se tornar o assassino real e um dos homens de confiança do Rei Sagaz. Quando salteadores bárbaros começam a atacar os povoados costeiros, Fitz será encarregado da sua primeira missão. Ao mesmo tempo, perceberá que está rodeado de intrigas, segredos, desonra, heroísmo, aventuras e magia. Embora alguns o vejam como uma ameaça ao trono, ele talvez se torne a principal peça para a sobrevivência do próprio reino. Em O Aprendiz de Assassino, primeiro volume da série “Saga do assassino”, Robin Hobb cria uma das histórias mais amadas da literatura de fantasia.
Primeiro livro da trilogia Saga do Assassino, O Aprendiz de Assassino nos apresenta Fitz, filho bastardo do príncipe Cavalaria, atual herdeiro dos Seis Ducados. Nosso protagonista chega em Cidade de Torre do Cervo a pedido da realeza, causando um certo desconforto nos nobres que sempre viam Cavalaria como um homem íntegro e incapaz de possuir um bastardo. Lá, devido à sua condição, é menosprezado pela maioria dos habitantes e precisa aprender a lidar com isso.
Quem o "adota", podemos dizer assim, é o mestre dos estábulos Bronco, e é exatamente lá que Fitz viverá boa parte de sua infância. Aprendendo a cuidar dos cavalos e também afeiçoando-se bastante aos cachorros que existem por lá, Fitz vai estreitando seu laço com os bichinhos e aos poucos percebe que sua relação com eles não é meramente afetiva, há sempre algo mais, algo que explicarei logo adiante, no decorrer dessa resenha.
Ao mesmo tempo que cresce, Fitz é contratado pelo rei Sagaz para que se torne um assassino e ajude a expulsar os Salteadores dos Navios Vermelhos, bárbaros que começam a atacar a costa dos Seis Ducados e pretendem criar ainda mais problemas. E é a partir daí que o livro começa a ficar bom. A história é contada pelo próprio Fitz muitos anos depois e flui tranquilamente, sendo em primeira pessoa e com as lembranças do protagonista sendo inseridas durante a narrativa.
Para aprender as técnicas de assassinato, Fitz conta com a ajuda de Breu, o antigo assassino do rei e conhecedor dos mais variados segredos dessa arte. Suas aulas nunca têm data certa para acontecer e dependem muito da boa vontade de Breu para que ocorram. Normalmente no meio da noite, quando Fitz está podre de cansado e pretendia ficar dormindo. hahaha
Aprofundando-se um pouco mais no livro, conhecemos o Talento, uma espécia de "controle cerebral" que uma pessoa pode ter sobre outra. Essa arte, segundo trecho do livro, é, na sua forma mais simples, o estabelecimento de uma ponte entre os pensamentos de duas pessoas. Há muitas maneiras de empregá-lo. Durante uma batalha, por exemplo, um comandante pode enviar uma simples informação e comandar diretamente os seus oficiais, se estes tiverem sido treinados para recebê-la. Um indivíduo muito Talentoso pode usar sua habilidade para influenciar até mesmo mentes que não tenham sido treinadas ou as mentes dos seus inimigos, inspirando neles medo, confusão ou dúvida. Homens tão dotados são raros. Mas, se incrivelmente agraciado com o Talento, um homem pode aspirar a falar diretamente com os Antigos, estes que são inferiores apenas aos próprios deuses. No mínimo intrigante, né? Ainda mais depois de saber que o Talento é uma herança de família, só transmitida para quem tem sangue real.
Como já dá pra adivinhar, o nosso Fitz possui essa habilidade, mas não tem a menor ideia de como ela funciona e para isso é levado a Galeno, mestre do Talento da Cidade de Torre do Cervo, para que aprenda alguma coisa. Infelizmente, esse Galeno desgraçado não gosta nem um pouco do protagonista e faz de tudo para que ele NÃO desenvolva a sua habilidade. É uma baita sacanagem! Enfim, deixo os detalhes para quem for ler a obra.
Agora vamos ao diferencial do livro: a Manha. Ela é o poder do sangue animal, da mesma forma que o Talento vem da linhagem dos reis. Começa como uma bênção, dando a você as línguas dos animais. Mas depois se apodera de você e te puxa para baixo, faz de você um animal como os outros. Até que finalmente não há sequer um resquício de humanidade em você, e você corre e late e prova sangue, como se a matilha fosse tudo o que você alguma vez na vida tivesse conhecido. Até que nenhum homem possa olhar para você e pensar que um dia foi um homem.
Como havia dito lá no começo da resenha, Fitz tem uma ligação especial com os animais, e essa ligação chama-se Manha. Porém, seu "babá" Bronco repudia essa arte e proíbe que Fitz a utilize, o que nem sempre acontece. Ainda mais quando ele está próximo de Narigudo, um cão que aceita essa conexão com Fitz e ambos tornam-se amigos inseparáveis. Nem tudo é alegria, como vocês acabarão descobrindo quando tiverem o livro em mãos.
Voltando um pouco aos bárbaros, os Salteadores dos Navios Vermelhos, por sinal, não tem um papel TÃO importante assim nesse primeiro livro, pois eles são somente apresentados a nós e pouco se sabe sobre quem são e quais as suas motivações. Porém, deve-se considerar algo a respeito deles: quando pegam reféns e os soltam, esses reféns ficam completamente loucos, desprovidos de pensamento crítico, como se não fossem mais humanos, e viram algo bem parecido com zumbis mesmo, num processo que é chamado de Forjamento. Como eles se transformam, o que é feito com eles dentro dos Navios? São perguntas que você só descobrirá lendo.
Porém, o maior mistério desse primeiro livro fica por conta do Bobo. Todo misterioso e cheio de frases enigmáticas, nunca dá para saber se o que ele está falando é brincadeira ou a mais pura verdade, capaz de mudar o destino de muita gente. Para mim não é um personagem que foi simplesmente colocado ali por um acaso do destino, ainda acredito que será muito importante no desenrolar da história. Muitas tretas me aguardam, estou só prevendo!
Só tem um negócio que me incomodou quando finalizei a leitura: eu não consigo ver o Fitz como um assassino! Sim, é isso mesmo!! Ele teve o treinamento dele, cresceu, apanhou e aprendeu com tudo isso, mas enquanto eu lia eu não pensava: "Nossa, esse cara é um matador, nunca vou querer incomodá-lo". Talvez tenha sentido isso justamente por causa do título (O APRENDIZ de Assasssino), mas enfim, acho que é algo remediável e no segundo esse aspecto deve melhorar bastante, espero. Considero também o fato do livro terminar com ele tendo uns 15 anos (pela minha memória), então ainda há muito que se desenvolver e a prática certamente o ajudará com isso.
A autora consegue descrever de uma maneira leve e precisa os Seis Ducados, as descrições não são monótonas e dá pra encaixar perfeitamente Fitz dentro do cenário. Preparem-se também para sentir diversas emoções com alguns personagens: vocês irão odiar/desprezar Majestoso, respeitar Veracidade e desejar sabertudo mais sobre Cavalaria, os três príncipes e filhos de Sagaz. Muitas intrigas políticas estão por trás de todos os problemas, diga-se de passagem...
Enfim, para finalizar, digo que O Aprendiz de Assassino é uma leitura que considerei bem válida e possui suas peculiaridades que a tornam uma obra levemente diferenciada das demais. Não é algo excepcional, que eu PRECISE recomendar para todo mundo que lê fantasia, mas acredito que valha a pena investir e conhecer mais sobre Fitz e o núcleo que o cerca. Os dois volumes finais da trilogia, O Assassino do Rei e A Fúria do Assassino, já foram lançados aqui no Brasil e você pode encontrá-los facilmente em qualquer site pela internet afora. Até a próxima resenha!
Saga do Assassino:
1º livro - O Aprendiz de Assassino
2º livro - O Assassino do Rei
3º livro - A Fúria do Assassino
Quem o "adota", podemos dizer assim, é o mestre dos estábulos Bronco, e é exatamente lá que Fitz viverá boa parte de sua infância. Aprendendo a cuidar dos cavalos e também afeiçoando-se bastante aos cachorros que existem por lá, Fitz vai estreitando seu laço com os bichinhos e aos poucos percebe que sua relação com eles não é meramente afetiva, há sempre algo mais, algo que explicarei logo adiante, no decorrer dessa resenha.
Ao mesmo tempo que cresce, Fitz é contratado pelo rei Sagaz para que se torne um assassino e ajude a expulsar os Salteadores dos Navios Vermelhos, bárbaros que começam a atacar a costa dos Seis Ducados e pretendem criar ainda mais problemas. E é a partir daí que o livro começa a ficar bom. A história é contada pelo próprio Fitz muitos anos depois e flui tranquilamente, sendo em primeira pessoa e com as lembranças do protagonista sendo inseridas durante a narrativa.
Para aprender as técnicas de assassinato, Fitz conta com a ajuda de Breu, o antigo assassino do rei e conhecedor dos mais variados segredos dessa arte. Suas aulas nunca têm data certa para acontecer e dependem muito da boa vontade de Breu para que ocorram. Normalmente no meio da noite, quando Fitz está podre de cansado e pretendia ficar dormindo. hahaha
"Se tudo o que eu tivesse feito na vida fosse ter nascido e ser descoberto, ainda assim teria deixado uma marca em toda aquela terra, para todo o sempre. Cresci sem pai nem mãe, numa corte onde todos me conheciam como um divisor de águas. E um divisor de águas me tornei."
Aprofundando-se um pouco mais no livro, conhecemos o Talento, uma espécia de "controle cerebral" que uma pessoa pode ter sobre outra. Essa arte, segundo trecho do livro, é, na sua forma mais simples, o estabelecimento de uma ponte entre os pensamentos de duas pessoas. Há muitas maneiras de empregá-lo. Durante uma batalha, por exemplo, um comandante pode enviar uma simples informação e comandar diretamente os seus oficiais, se estes tiverem sido treinados para recebê-la. Um indivíduo muito Talentoso pode usar sua habilidade para influenciar até mesmo mentes que não tenham sido treinadas ou as mentes dos seus inimigos, inspirando neles medo, confusão ou dúvida. Homens tão dotados são raros. Mas, se incrivelmente agraciado com o Talento, um homem pode aspirar a falar diretamente com os Antigos, estes que são inferiores apenas aos próprios deuses. No mínimo intrigante, né? Ainda mais depois de saber que o Talento é uma herança de família, só transmitida para quem tem sangue real.
Como já dá pra adivinhar, o nosso Fitz possui essa habilidade, mas não tem a menor ideia de como ela funciona e para isso é levado a Galeno, mestre do Talento da Cidade de Torre do Cervo, para que aprenda alguma coisa. Infelizmente, esse Galeno desgraçado não gosta nem um pouco do protagonista e faz de tudo para que ele NÃO desenvolva a sua habilidade. É uma baita sacanagem! Enfim, deixo os detalhes para quem for ler a obra.
Agora vamos ao diferencial do livro: a Manha. Ela é o poder do sangue animal, da mesma forma que o Talento vem da linhagem dos reis. Começa como uma bênção, dando a você as línguas dos animais. Mas depois se apodera de você e te puxa para baixo, faz de você um animal como os outros. Até que finalmente não há sequer um resquício de humanidade em você, e você corre e late e prova sangue, como se a matilha fosse tudo o que você alguma vez na vida tivesse conhecido. Até que nenhum homem possa olhar para você e pensar que um dia foi um homem.
Como havia dito lá no começo da resenha, Fitz tem uma ligação especial com os animais, e essa ligação chama-se Manha. Porém, seu "babá" Bronco repudia essa arte e proíbe que Fitz a utilize, o que nem sempre acontece. Ainda mais quando ele está próximo de Narigudo, um cão que aceita essa conexão com Fitz e ambos tornam-se amigos inseparáveis. Nem tudo é alegria, como vocês acabarão descobrindo quando tiverem o livro em mãos.
Voltando um pouco aos bárbaros, os Salteadores dos Navios Vermelhos, por sinal, não tem um papel TÃO importante assim nesse primeiro livro, pois eles são somente apresentados a nós e pouco se sabe sobre quem são e quais as suas motivações. Porém, deve-se considerar algo a respeito deles: quando pegam reféns e os soltam, esses reféns ficam completamente loucos, desprovidos de pensamento crítico, como se não fossem mais humanos, e viram algo bem parecido com zumbis mesmo, num processo que é chamado de Forjamento. Como eles se transformam, o que é feito com eles dentro dos Navios? São perguntas que você só descobrirá lendo.
Porém, o maior mistério desse primeiro livro fica por conta do Bobo. Todo misterioso e cheio de frases enigmáticas, nunca dá para saber se o que ele está falando é brincadeira ou a mais pura verdade, capaz de mudar o destino de muita gente. Para mim não é um personagem que foi simplesmente colocado ali por um acaso do destino, ainda acredito que será muito importante no desenrolar da história. Muitas tretas me aguardam, estou só prevendo!
Só tem um negócio que me incomodou quando finalizei a leitura: eu não consigo ver o Fitz como um assassino! Sim, é isso mesmo!! Ele teve o treinamento dele, cresceu, apanhou e aprendeu com tudo isso, mas enquanto eu lia eu não pensava: "Nossa, esse cara é um matador, nunca vou querer incomodá-lo". Talvez tenha sentido isso justamente por causa do título (O APRENDIZ de Assasssino), mas enfim, acho que é algo remediável e no segundo esse aspecto deve melhorar bastante, espero. Considero também o fato do livro terminar com ele tendo uns 15 anos (pela minha memória), então ainda há muito que se desenvolver e a prática certamente o ajudará com isso.
A autora consegue descrever de uma maneira leve e precisa os Seis Ducados, as descrições não são monótonas e dá pra encaixar perfeitamente Fitz dentro do cenário. Preparem-se também para sentir diversas emoções com alguns personagens: vocês irão odiar/desprezar Majestoso, respeitar Veracidade e desejar saber
Enfim, para finalizar, digo que O Aprendiz de Assassino é uma leitura que considerei bem válida e possui suas peculiaridades que a tornam uma obra levemente diferenciada das demais. Não é algo excepcional, que eu PRECISE recomendar para todo mundo que lê fantasia, mas acredito que valha a pena investir e conhecer mais sobre Fitz e o núcleo que o cerca. Os dois volumes finais da trilogia, O Assassino do Rei e A Fúria do Assassino, já foram lançados aqui no Brasil e você pode encontrá-los facilmente em qualquer site pela internet afora. Até a próxima resenha!
Avaliação final:
Saga do Assassino:
1º livro - O Aprendiz de Assassino
2º livro - O Assassino do Rei
3º livro - A Fúria do Assassino
Olá, ótima resenha. Bem, difícil falar sobre o tipo de assassino que o Fitz será sem correr o risco de spoiler. Espero que vc tenha as suas respostas nos outros livros. Abs!
ResponderExcluirÉ, só lendo mesmo para descobrir, Cassy. Certamente ele será importante na guerra contra os Salteadores Vermelhos, é o que eu imagino de início, pelo menos. Abraço e até a próxima!
ExcluirOi, Vagner! Acabei de ler esse livro, e gostei muito. Demorei um pouco pra entrar no clima, mas da metade pra frente achei BEM envolvente. Enfim, minha resenha deve sair nas próximas semanas, depois a gente compara impressões. :D
ResponderExcluirAliás, vc não sentiu um ar meio Hoid no Bobo? Aparece de repente, fala umas coisas ininteligíveis, parece saber mais que todo mundo, e daí some de novo. haha
Abs,
Isa
O livro melhora bastante da metade pra frente mesmo, e não tem como não comparar o Bobo ao Hoid, os dois só aparecem lá de vez em quando e sempre com aquelas frases meio WTF?!? ahuahuahhaha
ExcluirAté mais!!
Olá
ResponderExcluirEstá Saga deveria estar na sua sugestão de fantasias! Afinal é uma história com muitas referências usadas por George RR Martin em Guerra dos Tronos! Não sei se oficialmente ele admite, mas vamos combinar, esse livro foi escrito em 95 (96 eu acho) e tem várias coisas que servem de base para GoT!!! Acredito que não à toa ele considerou o livro um diamante! Recomendo muito a leitura, fantasia não tem época.
Bah, Debora, acabei não gostando muito desse primeiro livro, talvez algum dia eu ainda continue a série, mas não está nas minhas prioridades. :(
ExcluirNo começo da leitura o livro não conseguiu me envolver muito, mas a partir do meio comecei a ficar bem envolvido no livro porque começaram a aparecer muitas tretas e foi dando aquele ar de "O que será que vai acontecer?" gostei muito do cenário da história e espero que os livros seguintes sejam um pouco melhores (não que esse tenha sido ruim) Fiquei bem desapontado com algumas coisinhas no final, abraços.
ResponderExcluirPois é, eu achei que faltou alguma coisa a mais pra deixar essa história realmente boa. Acabei não curtindo TANTO assim para ler a sequência logo depois, tanto é que hoje, 3 anos depois, nem peguei o 2º livro para ler. Quem sabe um dia...
Excluir