29 de ago. de 2015

Resenha: Shadows for Silence in the Forests of Hell - Brandon Sanderson

Título: Shadows for Silence in the Forests of Hell
Original: Shadows for Silence in the Forests of Hell
Autor: Brandon Sanderson
Páginas: 89
Editora: Dragonsteel Entertainment (2015)

Sinopse: Quando a familiar e aparente segurança torna-se letal, é lá que reside o perigo. Em meio a uma floresta onde as sombras dos mortos estão por toda parte, todo fazendeiro sabe seguir as Regras Simples: "Não acenda fogo, não derrame o sangue de outro, não corra à noite. Essas coisas atraem as sombras." Silence Montane quebrou todas as três regras em mais de uma ocasião. E para proteger sua família de uma gangue assassina com altas recompensas por suas cabeças, Silence quebrará todas as regras novamente, correndo o risco de tornar-se ela mesma uma sombra.

Shadows for Silence in the Forests of Hell é uma novella escrita pelo autor Brandon Sanderson e que foi anteriormente publicada na antologia Dangerous Women, organizada pelos autores George R.R. Martin e Gardner Dozois. Em 2015, a novella começou a ser vendida separadamente, imagino eu que pelo seu grande potencial e por se passar na Cosmere (!), universo que foi criado pelo autor.

Acompanhamos a narrativa pelo ponto de vista de Silence, uma mulher que vive nas Florestas do Inferno* e é dona de uma estalagem, responsável pela criação da sua filha William Ann e da garotinha Sebruki, além de ter a companhia de Dob, o homem que cuida do estábulo.

Silence é uma descendente dos Sentinelas*, conhecidos por idolatraram o Deus Além e serem os primeiros habitantes a saírem da Homeland e irem em direção às Florestas do Inferno. Logo após esse êxodo, o Mal* apareceu em Homeland e tomou conta do lugar, fazendo com que todos os seus habitantes fugissem em busca das Florestas. É da crença desse povo, dos Sentinelas, que um dia eles irão retornar à tal Homeland e derrotar a ameaça do Mal, recuperando a sua terra natal

Localizada em Threnody, um dos shardworlds da Cosmere, as Florestas do Inferno não costumam atrair muitos visitantes, já que as sombras* estão por todo canto e de olho nos habitantes que quebram alguma das Regras Simples: "Não acenda fogo, não derrame sangue de outra pessoa e não corre durante a noite". Você deve estar se perguntando o porquê de se ter uma estalagem no meio de um ambiente perigoso, correto? É simples: diz a lenda que a sombra do falecido marido de Silence protege o local, fazendo com que os viajantes que passam por lá considerem-no um refúgio.

Imagem meramente ilustrativa.

Quando um grupo de caçadores de recompensas, procurado por ter matado o prefeito de Último Porto*, aparece na estalagem, Silence sente que não pode deixar passar a oportunidade, já que tem uma reputação a manter, mesmo que as pessoas não saibam de verdade quem Silence realmente é.

A partir daí a narrativa entra em um "modo perseguição", com Silence e sua filha indo atrás do grupo e tendo que adentrar as Florestas. O legal desse conto é que ele parece estar situado num mundo bem similar ao nosso, com florestas, montanhas e coisas do tipo, pessoas comuns e suas duplas personalidades, nada que fuja ao normal, além das tais sombras assassinas, é claro.

Silence é simplesmente uma mulher comum, mas com habilidades de sobra para viver em um ambiente tão hostil, habilidades essas que lhe foram ensinadas pela Avó* e jamais esquecidas, como o leitor perceberá durante a leitura. A memória da Avó estará presente em vários momentos.

“She swept her knife through the first shade, as Grandmother had taught. Never creep back and cower before shades. You’re Forescout blood. You claim the Forests. You are their creature as much as any other. As am I. . . .”

Nada de uma mulher super fodona com poderes inigualáveis: Silence é simplesmente uma mãe que faz DE TUDO para proteger a sua família. Nada além disso, e esse foi um acerto na narrativa e acabou encaixando muito bem na temática da antologia promovida pelo G. Martin e pelo G. Dozois.

Importante ressaltar a importância da prata nesse livro, material utilizado para matar as sombras (pensei em vampiros nessa hora...) e para fazer as proteções, técnica bem similar à vista nos livros do autor Peter V. Brett. Mesmo sendo um recurso abundante, seu preço é caro, justamente pelos fatores citados acima, o que lembra bastante a stormlight, vista em outra obra/série do Brandon.

Eu já estava chegando no final do livro e imaginando uma possível, mas eis que o Sanderson abre (literalmente) a porta na minha cara e diz, sem perdão: "Sabe de nada, inocente". ahuhauhauhauah

Interessante notar também que essa novella não tem um sistema de magia magnífico como os das outras obras do autor, é simplesmente pegar a prata e não quebrar nenhuma das Regras.

Para os fãs de Brandon Sanderson que desejam saber mais sobre a Cosmere e explorar todos os lugares possíveis, Shadows for Silence in the Forests of Hell será uma excelente opção de leitura.

Avaliação final:


* Termos que foram traduzidos pela minha pessoa, portanto não são oficiais.

28 de ago. de 2015

Resenha: O Herói das Eras - Brandon Sanderson

Título: O Herói das Eras
Original: The Hero of Ages
Série: Mistborn #3
Autor: Brandon Sanderson
Páginas: 772
Editora: LeYa (novembro de 2016)

Sinopse: Para pôr fim ao Império Final e restaurar a harmonia e a liberdade, Vin matou o Senhor Soberano. Mas, infelizmente, isso não significou que o equilíbrio fosse restituído às terras de Luthadel. A sombra simplesmente tomou outras formas, e a Humanidade parece amaldiçoada para sempre. O poder divino escondido no mítico Poço da Ascensão foi libertado após Elend e Vin terem sido ludibriados. As correntes que aprisionavam essa força destrutiva foram quebradas e as brumas, agora mais do que nunca, envolvem o mundo, assassinando pessoas na escuridão. Cinzas caem constantemente do céu e terramotos brutais abalam o mundo. O espírito maléfico libertado infiltra-se subtilmente no exército do Imperador Elend e os seus oponentes. Cabe à alomante Vin e a Elend descobrir uma forma de o destruir e assim salvar o mundo. Que escolhas irão ser ambos forçados a tomar para sobreviver?

Essa resenha contém vários spoilers dos livros anteriores.

Um ano se passou desde o final de O Poço da Ascensão, quando Vin renegou o poder contido no Poço, liberando assim algo devastador, chamado Ruína. Uma força que pretende destruir o mundo e acabar de vez com a humanidade. Outro detalhe do desfecho do 2º livro: Elend vira um Mistborn!!

Muitos leitores, ao terminarem a leitura de O Império Final, volume inicial da trilogia, acharam que o Senhor Soberano era o principal inimigo a ser derrotado. Engano total, como é mostrado nesse livro. Todas as ações e motivações daquele "vilão" são finalmente explicadas e destrinchadas aqui, deixando o leitor/fã com aquela sensação latente de "Como é que eu não percebi isso antes?".

Mistborn, por Marc Simonetti.

Saindo levemente do foco político e também amoroso do livro anterior, esse aqui foca mais na luta das pessoas pela sobrevivência em um mundo prestes a ruir, que dependia muito dos recursos naturais (água, plantações, etc.) para ter uma vida normal e agora os vê se tornando escassos, à medida que os metais continuam ali, mas não tem a mesma importância quando o assunto é simplesmente ficar vivo. As disputas por território continuam ali, é claro, já que são parte da trama e servem como pano de fundo para alguns conflitos empolgantes. Repleto de revelações sobre as ligas alomânticas, os leitores podem esperar grandes surpresas desse livro, desde alguns segredos sobre o tal atium e algo a mais sobre os metais já existentes. Tá difícil não dar spoiler... haha

Além da alomancia e da feruquemia, existe ainda uma terceira arte, conhecida como hemalurgia, que permite aos seus usuários transmitir o poder alomântico de um ser para outro. Não me aterei a mais detalhes, já que a chance de estragar a surpresa para alguns leitores é extremamente grande!

Preciso escrever sobre dois personagens que têm um destaque maior em The Hero of Ages: Fantasma (Spook) e Sazed. O primeiro, membro da gangue de Kelsier e sobrinho do agora falecido Trevo, morto no cerco de Luthadel, sempre teve um papel pequeno nas artimanhas do Sobrevivente, mas agora parece ter saído da toca e entendido que realmente pode fazer algo mais. Já o segundo, Guardador de Terris, está em conflito com suas crenças durante toda a narrativa. Consciente de que todas as religiões não fazem sentido, Sazed já aceita o destino que o mundo terá e parece ter desistido de ajudar, ainda mais quando passa a não usar mais as suas mentes de cobre. Uma coisa que posso adiantar é que essa dúvida dele irá refletir diretamente no desfecho da série.

Temas como essa incerteza de Sazed quanto à sua fé são recorrentes no livro, além dos conflitos pessoais vividos pelos outros personagens, como Elend e Vin, que agora estão casados e desenvolvem-se em conjunto, tanto suas habilidades alomânticas como as de um relacionamento.

E TenSoon, o kandra que espionava Vin, também rende vários bons momentos e algumas surpresas.


Mistborn, por axt 234
"Ter fé significa que, não importa o que aconteça, você pode confiar que alguém está olhando por você. Confiar que alguém irá fazer tudo dar certo no final."

Prestem MUITA atenção nas várias palavras soltas durante a leitura, pois elas dão algumas pistas sobre o/a Herói/Heroína das Eras e um bom palpite já pode ser dado antes mesmo da revelação.

A primeira parte do livro é mais cadenciada, com as peças sendo posicionadas em seus devidos lugares e menos ação acontecendo, fato que talvez estranhe os apaixonados por cenas mais "rápidas". Nada que atrapalhe o resultado final, diga-se de passagem, já que o estilo narrativo do Brandon é bem simples e direto, sem as firulas desnecessárias vistas em obras de outros autores.

Aliás, muitas coisas importantes para entendermos melhor a Cosmere nos são apresentadas nesse livro. Para quem não sabe, a Cosmere é um universo criado pelo autor Brandon Sanderson e que abrange vários locais, entre eles Scadrial e Roshar, continentes das séries Mistborn e The Stormlight Archive, respectivamente, além de várias outras obras. Como eu já li dois livros da outra série antes de The Hero of Ages, alguns detalhes não passaram desapercebidos para mim, fazendo com que eu entendesse bem melhor algumas consequências dos momentos finais da trilogia Mistborn.

São detalhes que o leitor pegará com o tempo, conforme for lendo os títulos do autor. Recomendo!

O Império Final, por ekr1703

Enfim, tudo o que me resta dizer é que ler todos os livros de Mistborn com certeza vale a pena. As respostas para os mistérios da trama estão ali, no 3º livro, só esperando pelo leitor para serem desbravadas. O desfecho da série certamente agradará à grande maioria dos fãs do autor.

A trilogia Mistborn é uma das grandes referências da fantasia na atualidade e merece ser desbravada por todos os fãs desse gênero. Com um worldbuilding excelente e um clímax digno de uma trilogia 5 estrelas, o autor Brandon Sanderson entrega ao leitor uma obra-prima de qualidade.

Avaliação final:

Mistborn:

1º livro - O Império Final
3º livro - O Herói das Eras

Existe também outra quadrilogia, cujo primeiro volume é intitulado The Alloy of Law, que se passa 300 anos após essa trilogia. Pretendo desbravar no futuro.

24 de ago. de 2015

Resenha: Lobo de Rua - Jana P. Bianchi

Título: Lobo de Rua
Série: A Galeria Creta #0.5
Autora: Jana P. Bianchi
Páginas: 72
Editora: Publicação independente (junho de 2015)

Sinopse: Essa é uma novela sobre homens, lobos e luas. Raul é um morador de rua, um homem invisível e desgraçado como tantos os outros. Como se sua desgraça não fosse suficiente, Raul contrai a maldição da licantropia, tornando-se um lamentável lobo de rua. Tito Agnelli não compartilha do abandono de Raul, mas conhece muito bem a sensação de ser rasgado por dentro, todos os meses, pela coisa vil que se abriga nele. Assim, compadecido com o sofrimento do recém-transformado, Tito acolhe Raul na Alcateia de São Paulo, extinta até então por falta de lobisomens residentes na Pauliceia. Depois de décadas de contaminação, Tito conhece cada detalhe da maldição que o transforma em lobisomem. Além disso, conhece também a Galeria Creta, um lugar em São Paulo onde ele e outros dos seus são bem vindos nas noites de lua. Basta pagar o preço. (Essa novela é a primeira publicação sobre o universo da Galeria Creta, uma galeria nos submundos de São Paulo onde - sob a gerência de Minotauro - todos os desejos imagináveis estão à venda).

Embalado pela Maratona Literária que o blog Me Livrando organiza de vez em quando, resolvi apostar em um livro nacional curtinho, com menos de 100 páginas, mas muito bem recomendado!

Lobo de Rua, que faz parte do universo da série A Galeria Creta, escrito pela autora Jana P. Bianchi, conta a história de Raul, um guri adolescente que mora abandonado à própria sorte nas ruas de São Paulo, vivendo cada dia como se fosse o último. Ao mesmo tempo que busca explicações para o que está acontecendo, Raul é resgatado das ruas por Tito, um imigrante italiano que mora na cidade e é bem mais do que parece. Ele é o que Raul está se tornando: um lobisomem.


Munida de uma narrativa bem detalhada, temos uma obra onde todos os cinco sentidos são explorados, fazendo com que o leitor sinta-se lá dentro da cena, junto de Raul, como se fosse parte do cenário, principalmente nos momentos em que as transformações para lobisomem ocorrem.

Aliás, transformações essas que tiveram um bom destaque no desenrolar da trama de Lobo de Rua. O corpo sendo rasgado por dentro, os pêlos crescendo, ossos se quebrando para formar novos, enfim, tudo está ali, narrado do jeito que deveria ser feito, preparando o leitor para o que virá.

Para Raul, acostumado a passar fome e viver em perigo constante, ser um lobisomem é uma dádiva ou uma maldição? O que é pior, quase morrer de fome ou matar outras pessoas para saciar a sua sede? São questionamentos dessa magnitude que o leitor se encontrará fazendo durante a leitura.

"O registro da desgraça eterna do menino não podia ser mais apropriado: manchando sua cama improvisada, a lágrima de sangue simbolizava, ao mesmo tempo, o desemparo de seu presente e a maldição que o aguardava no futuro."

E é isso que faz essa "prequela" para a série A Galeria Creta ser tão boa. Permeada por um humor ácido e descobertas novas a cada página, a relação de Tito e Raul vai se desenvolvendo aos poucos, com o italiano tentando mostrar ao guri o quão complicada pode ser uma vida dupla, quais são as consequências de seus atos e que nem tudo está perdido. Sempre há uma saída. Sempre há uma escolha a ser feita, como vocês perceberão nos capítulos finais, bem imprevisíveis, por sinal.

Reunindo diversas citações a locais conhecidos dos habitantes da capital paulista, também temos alguns aspectos da História do Brasil sendo levemente comentados, os quais eu espero saber mais nas próximas obras, principalmente no que se refere aos Lobos Farrapos. Cobrarei depois, Janayna!

"— Além de ilustrações fudidas — continuou Tito, fechando o volume —, o livro tem anexos que enumeram os primeiros lupinos que emigraram do Velho Mundo, a lista dos bandeirantes devorados por lobisomens do interior e as participações das alcateias mais clássicas nas principais escaramuças do país. Dizem que licantropos Farrapos lutaram ao lado de Garibaldi na Revolução, sabia?"

Sem contar que o livro menciona outros tipos de criaturas, como "vampiros que não brilham", minotauros, chupa-cabras e assim por diante. Imagino que eles aparecerão nos livros posteriores!

Os personagens de Lobo de Rua, mesmo sendo tão poucos, foram bem construídos e tiveram os seus desfechos encaminhados, o que é sempre complicado de se fazer em um livro de poucas páginas. Ao conversar com a autora, descobri que um desses personagens será de grande importância no livro #1 da série, A Galeria Creta, que deve ter o seu primeiro volume publicado no 1º semestre de 2016.


Para um livro de estreia, a qualidade do texto é muito boa, explorando muito bem a narrativa, de forma que ela não ficasse entediante e sempre trouxesse algo novo e importante para a trama, trocando pontos de vistas constantemente e, ao mesmo tempo, não deixando o leitor confuso.

Poderíamos ter mais alguns aspectos explorados se a obra tivesse mais páginas, é claro, como alguns caçadores de lobisomens cujos nomes foram apresentados e parecem ser parte importante no decorrer da história d'A Galeria Creta, mas o resultado final foi muito satisfatório.

Essa releitura da lenda dos lobisomens, aliada a uma ambientação urbana simples e bem atual, faz com que A Galeria Creta seja uma das séries nacionais a se observar e apreciar nos próximos anos!

Avaliação final:

A Galeria Creta:

Prequela - Lobo de Rua
1º livro - A Galeria Creta (2016)
...

19 de ago. de 2015

Novo Parceiro: The Last Kingdom

Boa tarde, desbravador.

Agora o blog Desbravando Livros é um parceiro oficial do site http://thelastkingdom.tv.br/, responsável pela divulgação da série The Last Kingdom, que estreia logo mais, em 10 de outubro.


Dê uma passadinha por lá, conteúdo de primeira!

4 de ago. de 2015

Resenha: Os Senhores do Arco - Conn Iggulden


Título: Os Senhores do Arco
Original: Lords of the Bow
Série: O Conquistador/Conqueror #2
Autor: Conn Iggulden
Páginas: 420
Editora: Record (2009)

Sinopse: O grande Khan nasceu nas planícies da Ásia Central para unir as tribos mongóis divididas pela guerra. O maior dos guerreiros deseja criar uma nova nação nas planícies e montanhas da Mongólia. E contará com seus irmãos Kachiun e Khasar para conquistar as ricas cidades do império Jin. E seus valentes e disciplinados guerreiros. Para atingir seus objetivos, ele precisa destruir o antigo inimigo, que manteve seu povo dividido, atacar suas fortalezas e cidades muradas e encontrar uma maneira de combatê-lo, enquanto lida com seus generais indomáveis, irmãos ambiciosos e os filhos crescendo.

Alguns meses após ter lido O Lobo das Planícies, primeiro livro dessa série do Conn Iggulden, consegui encaixar Os Senhores do Arco na lista infinita de leitura e afirmo: deveria ter lido antes!

Esse segundo volume começa alguns anos após o anterior, quando Temujin havia acabado de se anunciar como Genghis e começado a juntar as tribos em prol de um objetivo maior. Liderados por Genghis e seus homens de confiança, mais de 70.000 guerreiros mongóis atravessam o árido Deserto de Gobi em direção às terras chinesas, buscando vingança total contra os seus inimigos do passado.

E é nessa hora que a figura de Genghis faz uma tremenda diferença. Historicamente rivais, a maioria das tribos mongóis ainda possuem as suas desavenças, criando alguns conflitos aqui e ali que precisam ser resolvidos com a audácia e implacabilidade do grande khan. Um homem que não tolera traições, que fará de tudo para proteger seu povo e a sua ideia de uma nação mongol unida.

“Behold a people shall come from the north, and a great nation. They shall hold the bow and the lance; they are cruel and will not show mercy; their voice shall roar like the sea, and they shall ride upon horses every one put in array, like a man to the battle.”
“It is done. We are a nation and we will ride. Tonight, let no man think of his tribe and mourn. We are a greater family and all lands are ours to take.”

O discurso de Genghis Khan para os seus comandados no começo do livro é algo digno de se citar, acredito que todo leitor se arrepiará lendo as palavras do conquistador e a confiança que ele tem.

Nessa sequência, finalmente percebemos a importância do arco para as estratégias dos mongóis. Os guerreiros montados a cavalo, que aprendem a ficar firmes na sela e usar o arco mortalmente desde que são crianças, tornam-se uma força brutal nas fileiras do exército de Genghis, estraçalhando os inimigos mais fracos e que ainda não aprenderam a combater a eficácia da cavalaria mongol o suficiente para fazer frente ao avanço de Genghis. Cidade após cidade, os mongóis começam a devastar o território chinês e só param ao avistar Yenking (atual Pequim), uma cidade com muralhas grossas e altíssimas, tornando-se um obstáculo de peso para a nação mongol.

O inverno também está ali para atrapalhar e adiar um pouco o avanço dos mongóis, mas um plano de Genghis pode garantir uma vitória na Boca do Texugo, um desfiladeiro cercado dos dois lados por montanhas altíssimas e incapazes de ser escaladas, segundos os chineses. E é exatamente lá que os dois exércitos travarão uma batalha ferrenha, com algumas consequências para ambos os lados.


Focando um pouquinho mais nos dramas familiares de Genghis, percebemos também o seu escárnio com Jochi, filho mais velho e que parece não ser seu, fruto de um estupro que sua esposa Borte sofreu quando foi capturada pelos tártaros, que acabaram sendo dizimados pela fúria de Genghis.

Também deu pra perceber um leve toque "sobrenatural" nesse segundo volume de O Conquistador, com alguns shamans aparecendo e dando o seu toque de magia negra na trama, conquistando poder em meio à grande tribo e deixando alguns guerreiros apreensivos com o seu súbito crescimento. 

Genghis Khan está se tornando um dos meus personagens preferidos, e eu temo pelo dia que lerei as páginas dos próximos livros e terei que dar adeus a esse visionário. Os traumas de seu passado estão sempre presentes, principalmente o momento em que ele e Kachiun (na vida real foi Khasar) se juntaram para matar Bekter, o irmão mais velho que estava roubando comida da família e deixando-os passar fome. Vocês já pararam para imaginar a força de espírito que alguém precisa ter para fazer isso? Matar o próprio irmão! São atitudes como essa que moldaram a personalidade forte de Genghis e o fizeram ser conhecido até hoje como o maior conquistador de toda a História.


“What is the purpose of life if not to conquer? To steal women and land? I would rather be here and see this than live out my life in peace.”

Uma narrativa que é praticamente impossível não gostar, cheia de momentos tensos e frases impactantes, sem contar que Genghis Khan é um personagem fora de série, temido e impiedoso, mas cruel apenas com seus inimigos. Essa é uma daquelas séries que eu certamente lerei até o fim!

Avaliação final:

O Conquistador:

2º livro - Os Senhores do Arco
4º livro - Império da Prata
5º livro - Conquistador
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