19 de ago. de 2017

Resenha: A Rainha do Fogo - Anthony Ryan

Título: A Rainha do Fogo
Original: Queen of Fire
Série: A Sombra do Corvo/Raven's Shadow #3
Autor: Anthony Ryan
Tradutor: Gabriel Oliva Brum
Páginas: 752
Editora: LeYa (abril de 2017)

Sinopse: Depois de escapar da morte por um fio, a Rainha Lyrna está determinada a expulsar os invasores volarianos e retomar o controle do Reino Unificado. Mas, para isso, ela precisará fazer mais do que reunir seguidores leais: deverá se juntar às forças que, no passado, achou repugnantes – pessoas com os estranhos e variados dons das Trevas – e levar a guerra para o território inimigo. A vitória está nas mãos de Vaelin Al Sorna, agora nomeado Senhor da Batalha. Seu caminho, no entanto, não será nada fácil, pois o Império Volariano possui uma nova arma: o misterioso Aliado, capaz de estender a vida de seus servos. Como Vaelin poderá matar o que não pode ser morto, agora que sua canção do sangue, o poder que o tornou um feroz guerreiro, ficou subitamente emudecida? Na emocionante conclusão da saga best-seller do The New York Times “A Sombra do Corvo”, Vaelin Al Sorna precisa ajudar a Rainha a retomar o Reino Unificado e defendê-la de uma nova ameaça, algo com poderes tão sombrios quanto os piores pesadelos do herói.

Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores.

Em tempos em que dezenas de lançamentos de novas séries chegam ao Brasil, terminar qualquer uma que seja já é um fato a ser comemorado. A gente quer ler TUDO, mas ao mesmo tempo não consegue ler NADA. Felizmente, tinha como meta finalizar trilogia A Sombra do Corvo e consegui cumpri-la ainda no 1º semestre de 2017. Portanto, sem mais delongas, vamos à parte que interessa.

A Rainha do Fogo começa logo após os acontecimentos de O Senhor da Torre, quando os habitantes do Reino Unificado conseguem derrotar as forças invasores do Império Volariano em Alltor. No entanto, ainda restam forças leais a eles dentro do próprio Reino, traidores de sua nação dispostos a enriquecer e receber o dom da imortalidade se cumprirem os desejos dos servos do misterioso Aliado. É justamente essa a próxima tarefa da Rainha Lyrna para que o seu reinado seja duradouro e próspero: arrancar as maçãs podres do seu pomar, e para isso terá que se dirigir até Varinshold.

"O Aliado está lá, mas sempre como uma sombra, uma catástrofe inexplicada ou um assassinato cometido por ordem de um espírito sombrio e vingativo. Separar verdade de mito costuma ser uma tarefa infrutífera."

O começo desse livro trata muito daquele típico cenário "pós-guerra", com bastante politicagem rolando, reconstrução do que é necessário, estabelecimento de novos acordos e alianças, etc.

Enquanto essa parte se desenrola, acompanhamos Frentis após a queima impiedosa da Floresta Martishe, um ato cruel por parte dos invasores. Agora aliado do Reino, o Escudo lidera tropas meldeneanas numa perseguição aos volarianos, mostrando que pode ser útil à Lyrna, buscando algumas vantagens para si, é claro. Já Verniers, o cronista dessa história que acompanhamos, é enviado ao Império Alpirano para uma missão diplomática. E quanto a Vaelin, nosso protagonista?


Bem, Vaelin Al Sorna parece ter perdido o seu dom da canção. Após se esforçar ao limite no combate em Alttor, Vaelin desmaia e, ao despertar, percebe que a canção não está mais presente. O que será dele sem o instinto que lhe guiou por muitos anos de sua vida? Bora ler para descobrir.

Decidida a retaliar o Império Volariano pelos danos causados, Lyrna decide que é hora de atacá-los, antes que se reagrupem e marchem para o Reino Unificado novamente. E é a partir desse momento que parece que a escrita do Anthony Ryan começa a enfraquecer. Alguns capítulos não avançam tanto, mesmo que sejam necessários para o estabelecimento do "pós-cerco em Alltor" e "preparação para mais guerras", mas a decisão que ele tomou para o rumo do Vaelin, para mim, não foi a mais adequada. Os melhores capítulos de toda a série eram quase sempre dele, principalmente no 1º livro, mas vários do 2º também. Aqui ele meio que se afasta da proposta inicial desse personagem e sacrifica aquela beleza e epicidade que era a sua narrativa de guerreiro.

"Vaelin podia ver, através da neblina matutina, os piquetes se movendo num passo descontraído e sem nenhum sinal de alarme. Ele aguardou à medida que o sol esquentava sua nuca e sua sombra estendia-se no solo adiante, uma longa seta escura apontada para o exército volariano."

Importante ressaltar nessa resenha algumas mudanças de atitudes dos personagens, mostrando uma evolução no seu pensamento. Lyrna, agora como comandante de uma nação, perdoa seu próprios erros do passado e passa a ver os dotados como as pessoas que realmente são, e não como aberrações. Frentis precisa lidar com as consequências por ter assassinado o antigo rei Malcius.


Alornis, irmã de Vaelin, é uma que merece atenção. Não sei se para o bem ou para o mal. De mera aprendiz de pintura/escultura, vira uma "artista de guerra", elaborando planos e armas poderosas. Ficou um pouco forçado, mas enfim, deu para relevar um pouco. Reva evoluiu consideravelmente como guerreira, tendo também que confrontar seus pesadelos do passado ao longo das páginas.

No entanto, relacionando mais à história em si, para mim o Anthony Ryan tentou crescer/desenvolver TANTO o seu mundo, a magia, a quantidade de personagens, etc., que algo não saiu perfeito. A intenção foi excelente, mas não brilhantemente executada. Aprendemos mais sobre a canção e os outros poderes, conhecemos lugares novos, etc., mas nem tudo se encaixou.

O avanço do Reino para o combate final contra o Império Volariano toma boa parte do livro, talvez pudesse ter durado um pouco menos, "transferindo" algumas páginas para as partes finais. Poderia ter dado uma cadência maior à leitura. No entanto, vários momentos épicos são reservados, com revelações impactantes ao leitor. Muitos embates recheados de reviravoltas para ambos os lados!

"Se vamos dividir o poder, sou forçada a concluir que você precisa de uma lição sobre o preço dele. Poder jamais foi conquistado sem sangue, ambições jamais foram realizadas sem sacrifícios."

As explicações por trás do Aliado (quem ele é/era, quais suas motivações, como chegou até a posição atual, etc.) foram respondidas e achei satisfatórias, devem agradar à maioria dos leitores.

Alguns detalhes dos livros anteriores são necessários para entender o que acontece, então sugiro fazer uma leitura por cima do que se passou e preparar-se para adivinhar o que A Sombra do Corvo revela. O livro termina com poucas pontas soltas, mas que podem servir de gancho para uma continuação, caso ela venha a existir. Eu não reclamaria, pois a ambientação da série me cativou.

Além disso, o autor conseguiu balancear de uma maneira positiva os pontos de vista de personagens femininos e masculinos, dando o destaque necessário para ambos durante o andamento da série.

Mesmo com os vários defeitos do volume final, eu recomendo bastante a trilogia do Anthony Ryan. O saldo foi bem positivo e às vezes me pego pensando nos acontecimentos, lembrando dos personagens e dos bons momentos que passei ao ler A Sombra do Corvo. Espero que vocês gostem!

Avaliação final:


A Sombra do Corvo:

Livro 1 - A Canção do Sangue
Livro 3 - A Rainha do Fogo

7 comentários:

  1. Gostei muito do primeiro volume da série, já este terceiro achei o mais fraco dos três, pois não consegui me envolver com a história, principalmente depois de um início enrolado !!

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    1. Pois é, o primeiro foi SENSACIONAL, uma das melhores coisas que já li até hoje, mas o 3º foi bem aquém das expectativas.

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  2. Acabei de ler a trilogia, e nossa preciso desabafar, quando começo uma saga boa e ela termina menos boa que o começo dela, fico muito mal. Eu digo que o primeiro é ótimo mesmo, épico demais.
    Já no segundo a única coisa que me desapontou não foi o autor ter colocado já ali os acontecimentos da retomada da capital do Reino dos invasores, teria dado um pouco mais de espaço no
    terceiro livro para outras coisas.
    E outra coisa que me incomodou é algo que se começa legal no primeiro, mas acaba se desenrolando mal do segundo para o terceiro, principalmente no terceiro. O que seria? Romance do protagonista, neste fator o autor é muito brusco na minha opinião, primeiro ele está apaixonado por Sherin, depois já não ouvimos falar mais nada dela, em seguida já está com Daherna, sendo que enquanto tudo isso tinha a profecia que dizia que quem ele amaria morreria na neve, fiquei um bom tempo do 2-3 livro achando que a Sherin ou Daherna iam morrer ou voltar com o bastardo da bruxa ou irmã dela no corpo (no encronto dele com vaelin quando ele está usando Barkus como casca, ele sugeri isso), mas não acontece isso. E na profecia também dava a entender que ele ia acabar se apaixonando pela Rainha do Fogo, a Lyrna, porque ficou nos 3 livros evidente que ela amava o protagonista, e ele se importava com ela, se tivesse se desenvolvido um romance entre os dois eu teria achado bem mais interessante do que os anteriores.

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  3. Eu fiquei dececionado com o personagem no fim, não corresponder o amor da princesa só por causa de que no passado ela mentiu? Sendo que ele menti varias vezes durante o livro.
    Outras pontas soltas que eu notei foram a história dos servos do aliado serem só 3, e serem irmãos ainda, não se explica muito sobre isso. E no final da a se entender que tinha algo muito maior por trás disso tudo. Sem falar que eu esperava que o Vaelin fosse possuído pelo Aliado e não o Erlin.
    Basicamente o que não fez eu curtir a trilogia foi isso, muitas coisas sendo sugeridas em tal caminho e depois na curva pegam outra direção sem mais nem menos, deixando a gente se sentindo enganado e tipo: "eu li todas essas paginas com uma leitura se desenvolvendo em tal direção para no final nada do que estava sugerido acontecer? Da uma sensação de desperdício".
    Sem falar que no primeiro livro acompanhamos o protagonista e quem é mais importante para ele em suas interações, gostei muito de tudo o que aconteceu, mas já no segundo e terceiro, fazemos isso não só com ele mais com vários outros personagens, sendo que o protagonista já esta na frente, tendo um livro só para ele, enquanto os outros não, fica desigual, da para fazer isso, mas acho que o autor querer fazer isso em 600 paginas fica muito forçado, Tolkien em LOTR(Senhor dos Anéis) consegue distribuir a história em varias direções com personagens múltiplos num mundo vasto, mas são muito mais páginas para fazer isso, e no final ficamos com raiva de todos eles por "roubarem" espaço/tempo que poderia estar sendo usado para o Vaelin como foi usado com maestria no primeiro livro, o que significa senti falta do que vi no primeiro e me pergunto se o primeiro fosse no formato introduzido no dois eu teria gostado do livro e me interessado na história? Grande chance que não, e o que me irritou posteriormente foi que comecei a ler o segundo empolgado para dar continuidade na história e fui pego de surpresa pelo formato novo.
    As guerras no primeiro são ótimas, a invasão inimiga no dois também não ficou mal feita. Mas uma coisa que tenho que destacar é que no terceiro livro a Imperatriz acabou que destruiu o Império Volariano sozinha com as ações loucas dela, que me cansaram em ler, loucura e romance pelo Frentis, que no final nem é aproveitado esse último elemento, porque ela morre, ae eu fico pensando para que então desenvolver a coisa toda entre ela e o frentis para no final acabar assim? Decepcionante as narrativas destes personagens, por isso sinto falta da do Vaelin no primeiro. Ainda temos algumas dele, mas ela acaba praticamente no segundo depois dele massacrar um exercito inteiro sozinho (melhores cenas pelo menos), mas o ruim que estraga o momento é que nessa parte boa porção do lado guerreiro dele que era o que destacava ele morre, porque ele perde a canção, depois disso pode se notar que não é a mesma coisa o combate que vemos com ele, antes disso já não estava 100% porque depois do primeiro livro ele não queira ficar mais perto da espada, sendo que a maioria do povo que ele matou foi gente ruim, o esperança mesmo depois mostram que ele era um traidor do próprio povo, uma das coisas depois que eu fico pensando, a Lyrna ajudou e fez com que ele salvasse a maioria dos homens que ele comandava no primeiro livro no final não obedecendo o pai dela e sacrificando o amor dela por isso, coisa que o Vaelin não teria achado ruim, e no final ele agradece? No final ele continua frio com ela, me decepcionou muito, uma das expectativas maiores que eu tinha quanto ao romance dentro da trilogia.

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  4. Tanto que eu acho que, vou colocar assim: se o autor a partir do segundo livro tivesse revezado com capítulos entre o herói protagonista (Vaelin) e sua amada destinada (Lyrna/rainha do fogo) de acordo com a profecia teria dado mais certo, teria desenvolvido dois personagens dos mais importantes que tem boas tramas muito mais em um caminho legal que seria unir os dois, e teria sobrado bem mais espaço para outras coisas também.
    Indicações que Vaelin deveria ter ficado com a Lyrna, nos é sugerido isso, mas no final é para nada também infelizmente:
    1- ela guarda a faca que ele arremessou nela no primeiro livro e a usa como joia, e ainda essa faca salvou a vida dela ainda, olha o simbolismo.
    2- bastardo da bruxa quando estava possuindo barkus e se revela para Vaelin diz que Lyrna o amava.
    3- Ela fica com ciúme diversas vezes, primeiro quando o vê com Reva e depois novamente.
    4-O escudo posteriormente disse que foi o modo como ela olhava Vaelin e declarou que no fim das contas o filho do queimador da cidade (Vaelin) lhe tirou até o que ele nem imaginava possível (chance de ele ficar com a Lyrna).
    4- Ela toma conta da irmã dele durante a guerra.
    5- Ela ajuda a Sherin no primeiro por causa dele.
    6- Ela vai contra o plano do pai dela de trazer o Vaelin de volta o reino e o máximo possível do exercito que resta para os dois se casarem, mas ela não aceita isso e decide por aceitar o acordo com o imperador do Vaelin em troca do exercito inteiro que resta, decisão que o Vaelin, das duas, é a que ele teria mais gostado, caso soubesse.
    7- Ela advertiu ele contra a guerra, os planos do pai dela nisso e ainda chorou por ele ter que ir para a guerra.
    No final não resta motivos para a frustação amorosa da Lyrna ser um pouco a nossa também, de todas nós livros a melhor era ela sem dúvida.
    O que me chateia mais em tudo é a trilogia começar ótima, ficar regular no meio e acabar ruim assim. No final vemos que a profecia do corvo era uma bobagem afinal de contas, pelo menos é o que eu sinto, já que a ligação que ela evidenciava do Vaelin com a rainha do fogo que era evidenciada em nada correspondeu a tais expectativas.

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    1. Realmente, o terceiro livro deixou muito a desejar na minha opinião, achei que o autor ficou mais interessado em explorar "novos" personagens (povo lobo, gato, urso e tribos aleatórias do norte) do que na trama principal, ocasinando em um final completo (se livraram do aliado e dominaram volar) mas deixando lacunas sobre a origem mais detalhada dos dotados.
      Outro fator que achei bizarro, foi com relação aos números dos exércitos do reino unificado e volar, o livro retrata como se volar tivesse uma quantia de três a quatro vezes maior do que o exercíto do reino unificado, e mesmo após perder uma boa parte da frota na tempestade antes do desembarque conseguiu rivalizar com os exercítos de volar e com os novos arisai (que para mim em termos de perícia rivalizavam com qualquer integrante da sexta ordem de igual para igual), o argumento que escravos libertos aumetaram as forças do reino unificado é piada... Não me recordo de números, mas dúvido que a quantidade de garisai libertos tenha sido perto dos 9mil arisai. Enfim, achei que o autor se perdeu muito no terceiro livro e poderia ter desenvolvido melhor esse final, por que pra mim até as guerras estavam meio que sem graça no terceiro livro, salvando apenas a do templo, em que ele "ressuscita" o Caenis na história pra matá-lo em seguida. Apesar de tudo recomendo a leitura pelos primeiros livros e o terceiro pelo desenvolvimento dos mistérios acerca dos dotados. Peace.

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  5. Boa analise!
    Ao contrario do pessoal aqui acho que o segundo livro foi o melhor, o primeiro foi muito bom, mas o segundo ao decidir separar em vários capítulos com vários pontos de vista tornou tudo mais dinâmico, e eu gostei que mostrou que o escritor estava aprendendo/evoluindo no decorrer do livro
    O terceiro realmente tem uma queda, todo mundo esperava que em Volar teria uma batalha épica, ou que a imperatriz realmente tivesse algum plano de contra ataque, eu esperava que eles teriam vantagem numérica, como é dito que os alpiranos tinham milhões de soldados, achei que os volarianos também teriam, se eu fosse escrever adicionaria umas 50 paginas para descrever uma batalha maior em Volar e adicionaria o que já teve no segundo livro que era o Vaelim chegando com o exercito dele e dando o golpe derradeiro

    O final dos personagens foi bom, por mais que de vontade de saber como foi o resto da vida de todos da pra deduzir, quanto a Lyrna terminar sem o Vaelim isso já era esperado, ela escolheu ter um império, poderia muito bem ter deixado nas mãos dos escravos aquele território todo, voltado para o reino, instituído a democracia, que ela descobriu só que sem esse nome e ter abdicado do trono, ai pronto os dois poderiam viver felizes para sempre, mas provavelmente ficaria muito forçado

    tem outros pontos que eu não gostei, mas se eu falar todos vai parecer que a trilogia é ruim, o que é mentira, achei muito boa, inclusive tem espaço para se expandir bem mais esse mundo criado, vai ser até um pecado se não fizerem isso

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