8 de mai. de 2015

Resenha: Pequenos Deuses - Terry Pratchett


Título: Pequenos Deuses
Original: Small Gods
Série: Discworld #13
Autor: Terry Pratchett
Páginas: 308
Editora: Bertrand (março de 2015)

Sinopse: Religião é um assunto controverso em Discworld. Todo mundo tem sua própria opinião e até seus próprios deuses, que podem ser de todas as formas e tamanhos. Nesse ambiente tão competitivo, as divindades precisam marcar presença. E a melhor maneira de fazer isso certamente não é assumindo a forma de uma tartaruga. Nessas situações, você precisa, e rápido, de um assistente. De preferência alguém que não faça muitas perguntas...

Sempre ouvia as pessoas falando muito bem da série Discworld, do renomado autor Terry Pratchett, e graças à editora Bertrand finalmente tive a chance de desbravar um livro dessa série (obrigado por cederem um exemplar de Pequenos Deuses). Como vocês devem ter visto por aí, Terry Pratchett faleceu recentemente, mais precisamente no dia 12 de março de 2015, o que foi um baque para todos os fãs de fantasia que admiravam o autor. Como forma de homenageá-lo e divulgar o trabalho da sua vida, trago para vocês a resenha de Pequenos Deuses, 13º livro de Discworld.

Já imaginaram que, de alguma maneira, pode existir uma maneira de seu Deus (ou deuses) se manifestar no lugar em que você vive? E se ele, pensando em descer do seu lugar sagrado na imponente forma de um touro, resolve aparecer e descobre que na verdade é uma mera tartaruga caolha? Como fazer com que todos os seus seguidores acreditem em você?

É com esse estilo ricamente engraçado e irreverente que Terry Pratchett parece ter conquistado a grande maioria dos seus leitores. Devo dizer que sou um desses novos leitores agora.

Somos apresentados a Brutha, um noviço da igreja omniana, cuja entidade superior é o Grande Deus Om, a tartaruga mencionada anteriormente. Munido de imensa ingenuidade e uma capacidade incrível de memória, Brutha simplesmente cuida de uma horta e certo dia avista uma tartaruga por lá. Uma tartaruga que fala com o noviço. Um deus na forma de uma tartaruga.

Considere agora a tartaruga e a águia.

A tartaruga é uma criatura que vive no solo. É impossível viver mais perto do solo sem estar debaixo dele. Seu horizonte fica a meros centímetros de distância. Ela atinge toda a velocidade necessária para caçar uma alface. Para sobreviver, enquanto o restante da evolução a ultrapassava, bastou não representar ameaça a ninguém e dar muito trabalho para ser comida.

Eu dou risada quando penso nisso, é tudo simplesmente muito engraçado! ahuahuhauhua

A partir daí vemos a dupla entrando em uma enrascada das grandes. Brutha não acredita que o seu deus seja aquela tartaruga e Om não entende por que o noviço pensa assim. Afinal, o Grande Deus Om possui milhares de seguidores em toda Discworld. Ou seria Brutha o único deles?

O problema em ser um deus é que não se tem ninguém para quem orar. - Om

Não bastasse essa desconfiança inicial entre os dois, Brutha acaba envolvido em uma conspiração que pode e certamente resultará em uma tremenda guerra santa, ainda mais quando a frase "A Tartaruga se Move" começa a ser espalhada por aí. Muitos afirmam que o mundo não é uma esfera, mas sim uma tartaruga nadando pelo universo com quatro elefantes apoiados no seu casco, sendo que esses sustentam toda Discworld em uma forma plana, como se fosse um disco. Uma calúnia? Talvez, se não fosse pelo fato disso simplesmente ser real.

Pensem bem na genialidade do autor ao criar um mundo dessa maneira. Nunca vi algo assim antes!


Em determinado momento somos apresentados a Vorbis, o exquisidor da Quisição (sim, é assim mesmo que se escreve no livro), um homem capaz de mudar a mente de qualquer pessoa para pior. Sua capacidade de persuasão é imensa, sendo que todos temem esse homem quando passam perto dele. É o cara a ser temido! Um homem com a mente corrompida, que não acredita na Tartaruga que se Move e fará de tudo para eliminar qualquer um que pense em proferir tal blasfêmia.

Além disso, o cara é tão desprovido de emoções que é simplesmente capaz de virar uma tartaruga de cabeça para baixo e deixá-la sozinha no local, agonizando e implorando por ajuda. Que tipo de ser humano faria isso com o pobre animal, ainda mais ele sendo um deus?


Gostei bastante desse livro. Não está no meu TOP TOP de leituras, mas a narrativa é tão fluida e dinâmica que fica difícil largá-lo. A todo momento vemos piadas e referências a situações cotidianas da nossa vida, sempre colocadas de um modo que se encaixa na trama. O ponto principal pareceu ser a tentativa de uma pessoa/deus em se firmar numa posição ou local que lhe convenha, como é o caso de Om na busca por respostas, principalmente em como virou uma tartaruga e ficou assim por mais de três anos.

Qualquer deus poderia começar pequeno. Qualquer deus poderia crescer em estatura quando seus fieís aumentassem. E decrescer à medida que diminuíssem. Era como um grande jogo de escadas e serpentes. 
Deuses gostavam de jogos, desde que estivessem ganhando.

Os acontecimentos finais da obra são bem interessantes e alguns até meio imprevisíveis, principalmente a relação entre Vorbis e Brutha. Duas mentes diferentes podem caminhar para o mesmo destino às vezes, e aqui isso (talvez) irá acontecer.

Trabalhando bastante com referências a filósofos e religiões diversas, Pratchett mistura muito humor e ironia nesse livro, fazendo com que o leitor fique frequentemente se perdendo se as coisas em que acredita são reais mesmo ou apenas uma mera forma de enganar os outros.
O medo é uma terra estranha. Nele, a obediência cresce como milho, em fileiras que facilitam a colheita. Mas, às vezes, nele crescem as batatas do desafio, que florescem no subsolo.

Repleto de diálogos extremamente bem-humorados e personagens muito cativantes, Pequenos Deuses é leitura obrigatória para quem quer dar muitas risadas e pensar nas coisas de uma maneira alternativa. Recomendadíssimo para todos os amantes da fantasia!

Avaliação final:

Discworld:

1º livro - A Cor da Magia
2º livro - A Luz Fantástica
3º livro - Direitos Iguais, Rituais Iguais
4º livro - O Aprendiz de Morte
5º livro - O Oitavo Mago
6º livro - Estranhas Irmãs
7º livro - Pirâmides
8º livro - Guardas! Guardas!
9º livro - Fausto Eric
10º livro - A Magia de Holy Wood
11º livro - O Senhor da Foice
12º livro - Quando as Bruxas Viajam
13º livro - Pequenos Deuses
14º livro - Lords and Ladies
15º livro - Men at Arms
...

10 comentários:

  1. Aaaah, quero ler isso, gente! Obrigada pela recomendação lá no GR. Menino, procurei listas de como ler essa série e é uma confusão. rs Tipo: sabe o primeiro livro publicado, pois é, não comecem por ele. rsrs

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    1. O livro é muito engraçado, Cassy!! Eu acho que tenho uma imagem de como ler os livros de Discworld, mas resumindo: eles concentram-se por lugares ou personagens específicos e os números não estão em ordem, por isso é fácil se perder.

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    2. Vou começar por este aqui da resenha. :P

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    3. Começa sim, depois vou esperar pela tua resenha!

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  2. Esse livro é um dos próximos na minha lista, fico feliz que vc gostou! Só li outro livro de Discworld, há muito tempo atrás, mas amei na época, então estou animada. :D
    Ótima resenha, como sempre.

    Bjos!
    Isa

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    1. Qual deles você leu, Isa? Eu me interessei bastante pelo "Guards! Guards!", dizem que é um dos melhores do Pratchett.

      E obrigado pelos elogios, passe sempre!

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  3. Cara, gostei muito da sua resenha.
    Não conhecia o blog, vim por indicação da Fanpage do Discworld e virei fã!
    Já li todos os Discworld's publicados no Brasil e uns dois gringos (me perdi muito nas piadas em inglês, o Pratchett faz muito trocadilho e usa girias que a minha falta de conhecimento, me impediu de entender).
    Recomendo que leiam os livros na ordem de publicação da Inglaterra, muitas vezes, as piadas fazem mais sentido, se vc já conhece o nucleo dos personagens, mas se você não conhece nada, ainda assim, a história faz sentido.
    Guardas, Guardas!, é o primeiro do nucleo Patrulha da Noite e realmente é muito bom!

    Abraços e agora vou fuçar nas outras resenhas!
    Ricardo

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    1. Bah, que bom que gostou, Ricardo, espero que passe mais vezes por aqui!

      Eu comecei a ler o "Guards! Guards!" alguns dias atrás, vou ver se continuo, quando se lê em outra língua perde-se muito das piadas, já que algumas referências a gente não tem a menor ideia do que sejam. hauhauhuaha

      Abraços e até mais!

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  4. De tanto ouvir falar, eu morro de vontade de ler a série Discworld. É difícil de encontrar os livros para comprar kkkkk.
    Já que Pequenos Deuses é o mais fácil de ser encontrado, irei comprá-lo e começarei a adentrar em Discworld por ele.
    A resenha está excelente como sempre!
    Abração!

    www.bravuraliterariablog.blogspot.com.br

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    1. São muito difíceis de encontrar, Phelipe, já que a Editora Conrad parece não estar fazendo novas tiragens, então o jeito é procurar por aí em sebos e coisas do tipo. "Pequenos Deuses" é muito engraçado e já dá pra ter uma ideia do que o Pratchett faz em Discworld, espero que goste!

      Abraços e valeu por passar por aqui. ;)

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